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Editorial

 

Muito mais do que uma revista feminina produzida só por mulheres, a Nuances é uma revista que fala sobre a mulherada. Foi idealizada e desenvolvida especialmente para essa geração de mulheres modernas e antenadas (homens sejam muito bem-vindos). Nesta primeira edição, trazemos pílulas de: cultura e entretenimento, carreira e empreendedorismo, comportamento, saúde e bem-estar, para inspirar e sexo e diversidade. Lotada de mulheres reais, com histórias reais e completamente inspiradoras. Juntas somos mais fortes, não é mesmo? E foi com muito carinho que nasceu essa primeira edição, de tantas outras que estão por vir, que agora está em suas mãos.

 

Enjoy it!

 

 

Redação Revista Nuances

Violência que não é só invenção da TV

No que a discussão sobre violência contra a mulher na TV ajuda nos casos reais



O feminismo vem sendo assunto destaque já faz algum tempo, e reconhecer sua importância é uma preocupação, mas ainda muitas pessoas não sabem o que é ou sustentam uma visão errónea do que realmente é o movimento que quer promover a igualdade social, econômica e politica dos gêneros e as artes podem ajudar a passar isso a diante.


Todos conhecemos ao menos um caso de pessoas que sofreram violência e por várias vezes não foi de maneira passiva. Recentemente, denúncias que vão desde "gozadas" no pescoço dentro do transporte publico a pessoas famosas que usaram seu sucesso para abusar de outras. Mulheres sofrem violências de todos os tipos, todos os dias, e em sua maioria, por pessoas que deveriam ser de "confiança" como pais, tios, primos, maridos, namorados, etc e que, por medo da vitima, não são denunciados.


No ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), mais importante vestibular do Brasil, o tema da redação em 2015 foi "Violência contra Mulher" e já mostrou um pouco da verdadeira importância do debate desse assunto que interfere diretamente na vida de toda mulher.


Conscientização através do entretenimento


O mundo dos viciados em séries de TV do estilo americano está cada vez maior e intenso, mais e mais pessoas gastam horas dos seus dias e dinheiro (como com netflix, netnow, etc) para assistirem conteúdos exclusivos e não perder nada dos episódios das suas favoritas. Com isso, o peso do que é mostrado nesses seriados cresce e as emissoras sabem disso. Em muitos desses produtos, personagens sendo estupradas, espancadas, em relacionamentos abusivos e tóxicos, assassinadas, xingadas, etc, é de certa forma já comum. E qual a importância de mostrar isso ao maior número de pessoas possível?


Muitos podem dizer que as séries dão "ideia" para que aconteça da mesma maneira com mulheres reais. Mas também podem usar esse poder para conscientizar que NÃO é normal nem aceitável qualquer um desses tipos de violência.


Séries como Outlander, em que a personagem principal Claire Fraser é estuprada e sofre mais outras tentativas, tudo isso ainda no século XVII e é mostrada de uma forma em que a personagem tenta passar toda repulsa possível ao ato. Na época, o estupro não era tão odiado assim pela sociedade geral, que no país onde se passa a cena (Escócia) não há leis contra isso.


Em Reign, a Rainha Mary também é estuprada e a forte cena faz cada telespectador pensar em como alguém pode aguentar tamanho absurdo, e como até mesmo os mais poderosos não estão livres do abuso. Em One tree Hill, Brooke Davis é espancada em uma tentativa de assalto sem ter, ao menos, tentado reagir.


Nos filmes também é possível ter uma ideia desses traumas que os abusos e a violência deixam. No filme "Preciosa", Claireece Jones é uma adolescente de 16 anos que sofre uma série de privações durante sua juventude. Violentada pelo pai e abusada pela mãe, um filme para chocar e chorar.


Em todos eles, é importante essa visão de que a vítima não tem culpa do ato. É importante também observar se foi feita de maneira como se as violências podem se tornar romantizadas, erro comum em filmes antigos, mas que vem sendo corrigido nos mais atuais.


Dados


Do total de atendimentos realizados pelo Ligue 180 – a Central de Atendimento à Mulher - no 1º semestre de 2016, 12,23% (67.962) corresponderam a relatos de violência. Entre esses relatos, 51,06% corresponderam à violência física; 31,10%, violência psicológica; 6,51%, violência moral; 4,86%, cárcere privado; 4,30%, violência sexual; 1,93%, violência patrimonial; e 0,24%, tráfico de pessoas.


67% das denúncias são feitas pela própria vítima, e os casos de estupros denunciados tem média de 13 por DIA segundo dados de 2016. 3 em cada 5 mulheres já sofreram violências em relacionamentos. Mas da metade das mulheres violentadas são negras, segundo dados do Governo Federal.


Levantamento do DataFolha aponta que 40% das mulheres acima de 16 anos já sofreram algum tipo de assédio, sendo 20,4 milhões de pessoas que receberam comentários desrespeitosos na rua, 5,2 milhões que sofreram assédio em transportes públicos e 2,2 que foram beijadas ou abraças a força. A idade mais comum é de 16 a 24 anos e 42% das mulheres que receberam comentários desrespeitosos na rua são negras.


Lei Maria da Penha


A Lei 11.340/2006, mais conhecida pelo nome de Lei Maria da Penha fez 11 anos esse ano e é um grande marco na luta feminista. Pela primeira vez foi reconhecida em forma de lei uma punição especifica contra a violência doméstica em mulheres. Assim como o feminismo, é importante lembrar que a lei não é em busca de privilégios as mulheres, mas estabelecer que as mulheres não precisam ter medo de morrerem nas mãos de seus maridos/namorados/parentes simplesmente por serem mulheres.


Muitas melhorias ainda precisam ser feitas na lei para que as mulheres realmente sintam-se seguras e acolhidas. Apenas o encarceramento dos culpados não é suficiente, é preciso aperfeiçoar o tratamento psicológico e acompanhamento da vítima depois da denúncia, não acaba somente quando liga no 180, diminuindo assim também os casos de violência sexual.


Cerca de 66% dos brasileiros presenciaram uma mulher sendo agredida fisicamente ou verbalmente em 2016.


Segundo Marli Gonçalves, jornalista e especialista no assunto feminismo, os movimentos feministas atuais têm os mesmos valores e princípios dos movimentos de 40 anos atrás. As mulheres ainda sofrem com preconceito, diferenças salariais com relação aos homens, violência, entre outros tantos problemas enfrentados durante todo esse tempo.


ONU Mulheres – Vamos Conversar


A Secretaria Adjunta de Políticas para as Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos do Distrito Federal, o Ministério Público, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e a ONU Mulheres Brasil se juntaram e fizeram a "Cartilha de enfrentamento da violência doméstica e familiar contra as mulheres", como pode ser visto aqui. A Cartilha foi criada com o intuito de que as mulheres falem e denunciem a violência que sofreu ou está sofrendo, procurando ajuda.


Experiência


A jovem Jaíne Santos, de 19 anos, foi estuprada em um terreno próximo a sua casa, na cidade Jandira em São Paulo. Ela estava a caminho da escola no momento e tinha apenas 15 anos. Foi violentada sem o uso de qualquer tipo de proteção, sem chance de defesa nem identificação do abusador. "Foi uma das coisas mais difíceis que já passei na minha vida, espero que ninguém tenha que passar por isso", diz Jaíne, hoje casada. "Precisei de um bom tempo pra me recuperar e conseguir ver o mundo de uma boa maneira novamente".


Denuncie


Se você está passando por qualquer tipo de violência, seja física, verbal, sexual ou psicológica, ligue 180 ou conte a alguém de confiança. A lei Maria da Penha foi criada para sua segurança. Diferente das mulheres de muitas séries, você pode ter a chance de continuar sua vida sem ser violentada.


“Nós temos maiores números sim, mas isso representa que as mulheres saem da invisibilidade e fazem a denúncia. Nós podemos, através do braço repressor do Estado, trazer a garantia de que a mulher é sujeito de direitos e que nós somos iguais, resgatando a dignidade da mulher”, afirma Fátima Pelaes, Secretária Especial de Políticas para as Mulheres.




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