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Editorial

 

Muito mais do que uma revista feminina produzida só por mulheres, a Nuances é uma revista que fala sobre a mulherada. Foi idealizada e desenvolvida especialmente para essa geração de mulheres modernas e antenadas (homens sejam muito bem-vindos). Nesta primeira edição, trazemos pílulas de: cultura e entretenimento, carreira e empreendedorismo, comportamento, saúde e bem-estar, para inspirar e sexo e diversidade. Lotada de mulheres reais, com histórias reais e completamente inspiradoras. Juntas somos mais fortes, não é mesmo? E foi com muito carinho que nasceu essa primeira edição, de tantas outras que estão por vir, que agora está em suas mãos.

 

Enjoy it!

 

 

Redação Revista Nuances

Mulheres Empreendedoras

Histórias reais para te inspirar

Histórias reais e inspiradoras

Desde que se conhece por gente Manoella sempre teve o dom no trato com os animais, tanto que mesmo muito antes de chegar a hora, já sabia o que queria cursar na faculdade: medicina veterinária. Quando estava no último ano do colegial, calhou do seu primeiro emprego, como ajudante geral, ser num petshop do bairro. Manoella trabalhou lá por um ano e oito meses, e foi onde aprendeu a tosar os pelos dos animais, aplicar injeção, adquiriu vastos conhecimentos com medicações – o dono lhe pedia que lesse as bulas dos remédios para saber indicar quando chegasse algum cliente perguntando -, além de aprender a mexer num computador sem ter feito curso de informática; e o principal: se familiarizou com o atendimento ao cliente.


Apesar de gostar muito do que fazia lá, com o tempo foi desgostando do emprego, pois seu chefe tinha um temperamento muito difícil, e doze horas diárias por um salário mínimo já não estava mais compensando tanto esforço. Pediu demissão e ficou desiludida da área, ao perceber que era muito trabalho e pouco reconhecimento. Resolveu buscar algo em outro ramo, abandonando o sonho que tinha desde criança.


Como arrumar emprego nunca foi muito fácil, ainda mais sendo iniciante no mercado de trabalho e sem nenhum curso extracurricular, após três meses sem conseguir nada, resolveu tentar de novo no único ramo que ela tinha experiência. Recorreu a alguns contatos que adquiriu no primeiro emprego e em pouco tempo recebeu uma oportunidade para trabalhar em outro petshop. “Estou há algum tempo sem praticar a tosa, pois eu quis deletar essa profissão da minha vida. Então lhe peço um pouco de paciência. Eu sei fazer! Mas precisarei de um tempo para me habituar de novo”. Dizia Manu para o seu futuro chefe enquanto discutiam suas funções de trabalho. Novamente o salário não era aquelas coisas, mas aceitou por se agradar com o lugar e não querer mais continuar parada.


Um mês depois, Manoella recebeu uma nova proposta para trabalhar em outro petshop. Não se animou muito em ir por estar há pouco tempo nesse novo emprego e não querer deixar seu patrão na mão, mas mesmo assim aceitou ir até lá, ouvir o que a pessoa tinha a oferecer. “Acabou sendo a proposta da minha vida! Na época eu receberia 35% da tosa, eles já estavam no mercado há quatros anos, faturavam legal, e eu só tinha dezoito anos de idade, seria um grande salário! Eu receberia de R$ 800 a R$ 900 por mês quando o salário mínimo era R$ 350, era como se nos dias atuais eu recebesse R$ 4.000, isso sendo solteira, nova, tendo como única obrigação ajudar as contas de casa. Aliás, foi com esse dinheiro que ajudei minha mãe a pagar a casa financiada”. Conta nostálgica. Com dor na consciência precisou inventar uma mentira para o seu recém chefe atual, pedir demissão e se jogar nessa nova oportunidade!


Trabalhou nesse lugar por três anos e meio, e só saiu por questões de saúde. Começou a ter problemas nos olhos, por conta de alergia derivadas da asma, rinite e bronquite e quando passou com o oftalmologista, descobriu que seus olhos estavam repletos de micros pelos e que deveria usar equipamentos de segurança. Como nunca gostou de ter que trabalhar dessa forma, novamente desanimou. “Ah não, essa área não é para mim não. Eu gosto, mas não dá para viver disso. Senão daqui a pouco perco os meus olhos.” E mais uma vez tentou mudar de área, colocando uma pedra no sonho de fazer medicina veterinária. Decidiu então cursar administração. “Vi a grade curricular do curso e pensei: ‘Tem alguma coisa aí que eu irei gostar da administração’. Abrangia marketing, logística, TI, RH, departamento pessoal, além de me proporcionar a busca por empregos de segunda a sexta.”


Seu próximo emprego foi no consórcio da Magazine Luiza. Manuela era muito boa com vendas, mas mesmo ganhando mais e sendo destaque no que fazia, constantemente se sentia um peixe fora d’água por atuar com algo que não gostava. Então um ano e dois meses depois pediu demissão. Novamente desempregada, só voltou a procurar trabalho três meses depois, focando na faculdade.


Com formação e experiência numa empresa de nome, ela conseguiu outro emprego na primeira semana em que começou a enviar currículos de novo. Agora para trabalhar numa empresa que vendia materiais de escritório, como auxiliar administrativo. Este aqui foi o seu recorde de menos tempo de casa. Trabalhou por apenas dois meses e então pediu as contas, a vaga estava muito longe de ser o que ela imaginava.


Quando menos esperava, recebeu uma nova proposta de voltar para o consórcio da Magazine Luiza, e apesar de ter pedido para sair da outra vez, aceitou de primeira, pois não estava sendo nada fácil encontrar um emprego que valesse a pena. Um ano e pouco depois, Manoella (que a essa altura já estava casada) engravidou do seu primeiro filho. Tirou a licença maternidade pelo qual tinha direito, em seguida saiu de férias e quando chegou a hora de retornar, ela não quis. “A maternidade mudou toda a minha vida. Eu não queria deixar meu filho sozinho, precisava cuidar dele! Então optei por ficar em casa, desempregada mais uma vez.” Nesse momento, o que lhe ajudou foi um consórcio que ela pagava há algum tempo. Como precisava eliminar gastos, o vendeu para uma amiga, e seguiu poupando o dinheiro desta venda que entrava todo mês.


Futuramente surgiu a oportunidade de comprar um ponto de sorvete. Lhe custaria R$20.000. Apesar de já possuir R$ 17.000 guardado, topou comprá-lo apenas se pudesse pagar parcelado, pois precisava manter o dinheiro que havia juntado, como garantia de estabilidade caso acontecesse alguma emergência, - ainda mais tendo um filho pequeno -. “Foi a pior burrada da minha vida! Pois só me dava gastos! Tudo quebrava, freezer, máquina... resumindo: Torrei todo o dinheiro que eu tinha guardado e só consegui quitar R$ 8.000 dentro de um período de oito meses. A única coisa que me restava desse dinheiro era um Uno usado que havia pago R$ 6.000. Me vi de mãos atadas!”


Para piorar ainda mais a situação, chegou um momento em que o dono da padaria, onde ficava esse ponto, pediu o espaço de volta. Ou seja, além não estar tendo lucro algum, Manoella ainda precisaria procurar outro lugar para ficar com a máquina. Já estava quase a devolvendo para sua antiga dona, quando decidiu fazer uma última tentativa, procurando por salões que pudessem ser seu novo ponto. Fez uma longa caminhada pela região e em bairros vizinhos, quando de repente... ela se deparou com um antigo sonho do passado...


Primeiramente perguntou quais os motivos de ele estar vendendo – ele lhe explicou que eram de outro ramo e que não tinham expectativa de crescimento -, para só então perguntar o valor. E se surpreendeu que o atual dono estivesse pedindo somente R$6.000 pelo petshop! – Justo o valor do seu carro! –“Bateu aquele estalo, sabe quando você reanima e volta? Fui ressuscitada!” Manoella também perguntou se o ponto se pagava, e ele respondeu que sim, lhe mostrando o caderno com as vendas. Imediatamente na sua cabeça ela já foi arquitetando as possibilidades, mas antes precisava saber se ele aceitava seu carro como pagamento, já que não tinha mais dinheiro algum, depois do insucesso com a máquina de sorvete que acabaria devolvendo. Ele respondeu que precisaria verificar com o filho, e em paralelo Manoella conversaria com o esposo sobre a sua ideia. Trocaram telefones para uma conversa futura. “Já comecei a ficar com mil e um planos na mente! Isso iria mudar a minha vida! Não existia nenhum banho e tosa naquela região até então. Eu sabia do meu potencial!”


Mais tarde seu carro foi avaliado em R$4.000. Descobriu que lhe foi vendido acima da tabela por estar bem conservado quando o comprou. Não tendo de onde tirar os R$ 2.000 restantes, teve a ideia de chamar para sociedade uma prima, que acabou topando e entrou com a diferença que faltava. Porém, a parceria não durou muito tempo. “Ela não aguentou a pressão, porque eu sou estressada e comigo tem que ter comprometimento. Então ela desistiu, falou que não queria mais ser minha sócia, acordamos de eu lhe devolver o dinheiro e zerarmos essa questão.” Se tornando então a única proprietária do seu mais novo negócio!


Montou a tosa num espaço pequeno, parcelou os equipamentos necessários no cartão, e surpreendentemente nunca precisou divulgar sobre o serviço de banho e tosa, pois as indicações foram acontecendo naturalmente boca a boca, através dos primeiros clientes que foram aparecendo. Conforme o negócio foi prosperando, Manoella fez alguns empréstimos e comprou mais produtos para a loja. Com o tempo também contratou uma funcionária para ajudá-la com a tosa, que era o carro chefe do seu negócio.

Após um ano e quatro meses com o petshop, ela engravidou novamente, dessa vez de gêmeos! Precisou se ausentar da loja e contratou outra pessoa para ficar em seu lugar. Mas não ficou muito tempo afastada, e voltou a trabalhar quarenta e cinco dias após o parto, mesmo estando operada e tendo que amamentar a cada duas horas. Não podia deixar seu patrimônio na mão de terceiros, até porque descobriu que uma das funcionárias estava lhe roubando. Quando retomou, além de dispensá-la, fez novos empréstimos para sair do vermelho, e seu esposo também precisou sair do trabalho para ajudá-la a cuidar dos gêmeos enquanto ela estivesse na loja.


Mais um tempo se passou e a outra funcionária que havia ficado, precisou pedir demissão. Fazendo com que Manoella repensasse as suas prioridades. “Cheguei à conclusão que seria melhor investir R$ 8.000 numa máquina de secar animais da kyklon, do que contratar outra pessoa. Pois mensalmente me custaria bem menos que manter outro funcionário, e o rendimento seria o dobro.” Mais uma conquista alcançada!


O petshop nomeado: “Bicho Mania”, localizado na Estrada do Capão Bonito, 1737 – Jardim Maria de Lourdes (mais conhecido como Vila Any) - Guarulhos, recentemente ganhou um consultório veterinário, sendo mais uma etapa alcançada na sua vida. Ela ainda almeja cursar a faculdade de veterinária – planeja ingressar no ano que vem -, para poder focar no atendimento cirúrgico e somente quando necessário intercalar com a tosa.


Cliníca Veterinária do petshop Bicho Mania

Manoella atribui todo o seu sucesso à qualidade da sua mão de obra, pois admite que não cobra barato, mas ainda assim nunca lhe faltam clientes. “Aqui na periferia, acabo cobrando até um pouco mais caro para a região em que estou, e mesmo assim as pessoas pagam. É um serviço diferenciado dos concorrentes, pois estes querem fazer mais barato por um serviço de qualquer jeito. E eu não. Pelo contrário. Quero fazer um serviço top de linha, de primeira classe, numa periferia, por um preço um pouco acima, mas com uma qualidade superior que vale a pena. Também agreguei mais coisas ao meu currículo. Me aperfeiçoei com cursos online, e participei de um seminário internacional de banho e tosa.” Atualmente trabalham ela e seu irmão, sendo ele encarregado de atender os clientes da loja, enquanto ela atua sozinha na parte dos banhos, fazendo em média de 180 a 200 cachorros por mês, tendo como recorde diário 16 cachorros. “Almejo deixar a tosa e a clínica entre as melhores do bairro. Estarei satisfeita quando não precisar mais me preocupar com estoque e a loja poder se pagar mesmo sem a tosa.” Acredita que em cinco anos esses objetivos já estarão alcançados.


Em paralelo com a Manoella, temos a história da Emilly, que é um pouco diferente, mas ao mesmo tempo igual. “A ideia de abrir um negócio, na verdade foi acontecendo. Eu fui aproveitando algumas oportunidades, até que cheguei nesse destino.”


Tudo começou há três anos, quando fez um curso de banho e tosa. Ao concluir o aprendizado, o dono da escola também tinha um petshop (que ainda iria inaugurar) e a chamou para trabalhar na loja, pois tinha gostado muito do seu perfil. Ela conversou sobre a oferta com seu marido e tiveram a ideia de ao invés dela trabalhar lá, lhe fazerem uma proposta de venda do local. O dono da escola se interessou – ele almejava abrir uma escola maior – e a partir daí começou o planejamento. “Eu sempre quis. Porque eu sempre gostei muito de bicho. Mas na verdade eu não fui atrás, meio que veio atrás de mim, conforme as coisas foram acontecendo.”


Se por um lado Emily teve menos dificuldades na aquisição do seu negócio em comparação a Manoella, por outro, ela estava lidando com um comércio totalmente novo, que ainda não havia sido inaugurado. Seus primeiros passos foram estudar a região, os valores que eram praticados e como poderiam fazer para oferecer um serviço de qualidade para esse público. Depois buscaram por fornecedores para comprar os produtos para a loja, e também trataram as questões burocráticas, como alvará, MEI, CNPJ e etc.


O maior desafio que tiveram realmente foi conquistar o público, pois não tinham como saber o que esperar deles. “Muitas pessoas conquistamos através do nosso atendimento de qualidade; mas muitas outras não se importavam muito se o trabalho tinha tanta qualidade assim, pois essas buscavam por um preço menor.” Também tiveram dificuldades em relação a rotatividade de alguns produtos, como por exemplo roupinha e caminha que não tinham tanta saída e só perceberam depois que investiram e não tiveram o retorno esperado. Em contrapartida, não tiveram gastos nem dores de cabeça com a contratação de funcionários, pois Emily tem apenas uma sócia – que é sua cunhada – e somente as duas trabalham lá, revezando entre a tosa e a loja.


O valor pago no petshop, hoje chamado: “O Segredo dos Bichos”, localizado na Rua Gil de Oliveira, 125 – Vila Matilde – São Paulo, foi de R$10.000 e ele se pagou desde o primeiro mês. Mas só foi engrenar mesmo após um ano e meio, tempo que levou para conquistar os clientes e ficar conhecido na região. Quando perguntado a Emily sobre os planos futuros, sua resposta é simples e objetiva: “Planejamos mudar para um local maior.”





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